A TARTARUGA PEIDONA
Foto: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1072721-5598,00-TARTARUGA+SOLTA+GASES+E+VOLTA+AO+MAR+NA+BAHIA.html
Ai, desculpa, gente! Desculpa, tartaruga. Mas não consegui me conter. Hahahaha! Ai! Me acudam! Minha barriga dói, mas não é pelo seu motivo, tá, Tatá (posso te chamar assim? Agora que já estamos íntimas, pois só se “soltam gases” na intimidade!)
Gente de Deus, imagina o “pum” dela, olha o tamanho da “garota”!
A pobrezinha da bichinha, - de quase 200 quilos! -, chegou passando mal, sexta-feira (20), à praia de Guaratiba, em Prado (na Bahia), e ficou encalhada, de tantos gases acumulados em sua barriguinha!
Após receber os cuidados do pessoal da ONG Projeto Amiga Tartaruga (PAT) Ecosmar, hoje Tatá foi ao mar, mas só depois de “liberar, na pressão” os gases que a impediam de mergulhar.
Viu?
Se a tartaruga pode, você também pode!
Então, vamos parar com essa bobagem de ficar sem graça quando escapole um “traquezinho” em público! A Tatá liberou geral!
Brincadeiras à parte, este é um tema bastante interessante:
Como lidar com a nossa fisiologia em público.
Há um tempo atrás (desculpe a redundância!), o Luís Fernando Veríssimo escreveu uma crônica muito interessante, a esse respeito, em sua coluna em O Globo. Como já faz tempo, não me lembro muito bem do texto, mas concordei plenamente com ele.
Quem lida com o público tem que ter fair play nessas horas, porque senão, é um tal de não saber o que fazer, e a coisa acaba ficando pior ainda.
Casamentos já foram desfeitos no altar, por causa de um “peidinho” fora de hora, sabia?
Que isso é uma coisa, digamos ... sem adjetivos (para não constranger o leitor(a) que acaba de passar por uma experiência igual recentemente), nós já sabemos, mas, não se pode fazer uma tempestade (de trovão ...) num copo d’água (ou na sala de reunião; ou no quarto do hotel ... ou no altar) com uma coisa tão naturalmente ... natural. E ecológica. Relaxe, a brincadeira é só para te deixar mais à vontade; afinal, você não é o único (a) que faz essas coisas: a Tatá também faz!
Numa apresentação em público tudo pode acontecer. Mas tudo mesmo! Inclusive, tudo o que não podia acontecer naquele momento, também PODE acontecer. O que fazer então, quando algo inesperado acontece, por exemplo, quando você está na função de Mestre-de-cerimônia em um evento formal e, no momento em que você está no palco, e vai começar a ler - aquilo que você não sabe de cor! - e, de repente, um vento entra no salão e, espalha as suas folhas no ar? O que você faz? Isso já aconteceu comigo, companheiro. Eu que não consigo conter o riso em situações assim, sou a famosa “riso-frouxo”. E o que me restou, então? Fui lá, às gargalhadas, catar os meus papeizinhos, falando para eles: Desculpe, hein, foi mal! Hahaha! Ué, fazer o que?
As imprevisibilidades têm que ser levadas com bom ânimo e naturalidade pois, já que vai “contaminar”o público, distraindo-o do objetivo do evento, que o faça com “glamour”e estilo.
Nada pior do que ser chamado para desempenhar uma função, com a qual não tem a menor intimidade. É nessas ocasiões que surgem os imprevistos mais estapafúrdios! Vestuário, por exemplo: é “mestre” em deixar um palestrante “na mão”. É meia de uma cor e a outra, de outra cor; é botão da blusa que solta, deixando o barrigão à mostra; é calcinha com elástico com vontade própria, do tipo que você bota um lado de um jeito, e o outro não quer ficar simétrico de jeito nenhum; enfim, tem é coisa pra acontecer logo naquela hora em que não pode acontecer nada fora do script.
Já ouvi muitos casos desses, em meu trabalho, e um dos pontos que abordo com os participantes é justamente esse: como se comportar com naturalidade nos eventuais contratempos.
Um dos campeões causadores de problemas fora de hora é o corpo humano. A nossa fisiologia gosta de “pregar peça” na gente, dar vexame, quando estamos “na frente dos outros”. É arroto que sai no meio da fala; é ronco (alto)de estômago; são os pingos de suor que gotejam da nossa testa, mesmo quando o ar está ligado à toda! E as mãos trêmulas, que não sabemos aonde colocar? Os pés balançando; o excesso de transpiração na blusa ... a dor de barriga ...
Todos esses sintomas do nosso nervosismo, podem se transformar, de monstros, a aliados, se você parar de teme-los e usá-los em seu favor. Como assim?
Certa vez, em um treinamento de técnicas de apresentação em público para palestrantes, que ministrei numa grande empresa, no Rio, uma das participantes deu um exemplo formidável de como fazer isso. Ela pertencia ao setor de treinamento de socorristas desta empresa e, foi intimada na véspera, pelo seu chefe, a dar uma palestra, em seu lugar, sobre Síndrome do Pânico. Hum! Ela ficou em pânico!
Seu chefe havia preparado a apresentação no Powerpoint há dias, da maneira dele e, como o material era grande, não haveria tempo para modificações. Ela tinha uma noite para se preparar. E tentar descansar um pouco para o dia seguinte.
Pela manhã, ela chegou ao local da conferência, e, bastante nervosa, entrou no salão da apresentação. Entrou do jeito que estava: Nervosíssima!
Subiu no palco, encarando o chão “de cara feia”, apavorada, mãos tremendo, que ela começou a mostrar para a plateia, dizendo: “Estão vendo aqui? Estou suando. Suando e tremendo de nervoso! Meu coração está quase saindo pela boca! Minha vontade é que abrisse agora um buraco aqui no chão, bem na minha frente, pra eu pular dentro dele! Mas como isso não vai acontecer, vou apelar pra minha segunda opção, que é dar o fora daqui!”
E saiu correndo do palco e do salão.
Uns minutos depois, ela entra novamente, recomposta, caminha para o palco, com tranquilidade, e fala para todos: “ Sabe o que eu vim fazer aqui? Falar dos sintomas da -ela aciona o primeiro slide no telão, que traz escrito: SÍNDROME DO PÂNICO.
Amigo, não adianta disfarçar: solta quem tá preso!
Faz igual a nossa amiguinha Tatá: Solta logo e corre pro abraço!
Um abraço!
Mônica Sampaio
Radialista, Escritora e Consultora sobre Comunicação Interpessoal e Apresentação em Público.
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MÔNICA SAMPAIO DE MELO - Radialista/Locutora - Escritora - Missionária
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